quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Futebol Amapaense FC.

Lembro-me bem, apesar de sem muita riqueza de detalhes, de uma final de campeonato amapaense entre E C Macapá e Ypiranga Clube, no estádio Zerão absolutamente lotado, no ano de 1994. Bom jogo de futebol, sobretudo, com torcidas apaixonadas fazendo seu papel na arquibancada do estádio. Salvo engano, Ypiranga foi o grande campeão daquele ano.

Ontem, ao voltar ao estádio Zerão em jogos oficiais, não pude conter a felicidade que tive em ver novamente, na sua casa, a torcida amapaense dar manifestações de paixão ao futebol. Não pelo time, óbvio que o Santos, o "peixe da amazônia", cópia descarada do Santos paulista, não é um clube tradicional, tão pouco de grande torcida no Amapá. É, na realidade, mais um daqueles clubes que aparecem todos os anos no futebol brasileiro, que possuem donos que lhes injetam muito dinheiro. Clubes com muito dinheiro e nenhuma tradição, em suma. A paixão demonstrada ontem era pelo Amapá, pelo futebol amapaense. Poderíamos ter ontem jogando qualquer time naquele campo, desde que carregasse consigo a representação deste Estado, tão carente em várias áreas, inclusive no tocante a maior paixão nacional, o futebol.

O grande problema é que a paixão de ontem foi retribuída com falta de técnica e as vezes, pasmem, garra. O time do Santos foi inferior em inúmeros momentos ao Princesa de Solimões-AM, seu adversário.

E a que isso se deve? Eu julgo que, infelizmente, o torcedor amapaense em que pese estar absolutamente empolgado com o retorno do Estádio Zerão, que enfim oferece o conforto merecido para assistir uma partida de futebol, ainda não pode contar com alguns pontos básicos. Um clássico exemplo é que continuamos com pensamento de várzea por parte de uma Federação inoperante, utilizada em grande parte do tempo como instrumento político de quem a comanda. Não temos sequer, por mais incrível que possa parecer, um calendário adequado ao Campeonato Amapaense. O time do Santos entra para disputar uma competição nacional sem ter jogado uma única partida oficial durante o período de preparação em 2014, que diga-se, deve ter sido curto, como todos os anos. Esse é apenas um dos pontos dentre inúmeros, mas que considero de extrema relevância, pois tenho convicção de que se o Amapaense já tivesse começado como todos os outros, o time do Santos teria oportunidade de melhor acerto antes de encarar seu adversário de ontem. E a consequência negativa pôde ser vista ontem, na eliminação do time amapaense para o time do interior do Amazonas.

O amapense quer torcer, quer ir ao estádio. Ganhou um presente com o retorno do belíssimo estádio Zerão, mas isso infelizmente não é suficiente. Precisamos profissionalizar nosso futebol, começando pela FAF, que com relação aqueles tempos em que citei no início do texto, no ano de 1994, parece ter retrocedido em pelo menos 20 anos, acompanhando, importante consignar, os rumos dados pela CBF, que também não dá sinal algum de evolução no quesito organização de suas competições, isso em pleno ano de 2014, ano de copa do mundo em território brasileiro.

George Arnaud Tork


Fotos: 1 - retirada do blog nezimarborges.blogspot.com
           2 - Luiz Fernando/Agencia Amapá


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