segunda-feira, 29 de abril de 2013

A primeira vergonha nunca se esquece.



No ano de 2001 ao me aventurar até Mogi das Cruzes-SP para cursar faculdade de direito, algo parecido com os dias de hoje acontecia na política local. O Governador a época era Mário Covas, que ao decidir descer em um evento passando pelo meio de manifestantes foi agredido covardemente. Este fato me deixou perplexo, por não compreender, por qualquer motivo, uma agressão como aquela, sobretudo cometida contra a maior autoridade do Estado. Eu imaginei estando em São Paulo, o quanto faltava em educação e principalmente humanidade para quem agride uma pessoa, já idosa, diga-se de passagem, e o quanto faltava em espírito republicano, para alguém que agride, seja lá por qual motivo, a maior autoridade de um Estado devidamente constituída e eleita pelo voto popular. Pensei (pasmem!), que isso nunca aconteceria num Estado como o meu, onde já tinha presenciado inúmeras manifestações, todas sempre muito pacíficas. Eis que hoje, um grupo de manifestantes, que se diz da categoria dos professores, me fez engolir tudo que comentei em São Paulo, diante da situação do ex Governador Mário Covas. 

Hoje tive vergonha, pela primeira vez em 30 anos, de ser brasileiro, sobretudo de ser amapaense.

Não entrarei no mérito discutido entre professores e Governo, pois julgo que um acontecimento como esse é mais sério do que qualquer ponto de divergência entre uma categoria e o poder público. É absolutamente inaceitável a agressão sofrida pelo Governador Camilo Capiberibe hoje na Universidade Estadual, que pelo divulgado sofreu agressão física tendo um sapato jogado em sua direção e o acertando, se estendendo até o Palácio do Governo, onde foram atirados ovos e de acordo com algumas pessoas, até pedras. Nenhum acontecimento ou atitude de quem quer que seja é motivo para a violência (física e moral, diga-se), quiçá a um Governador de Estado, eleito democraticamente e sendo autoridade devidamente constituída. Também não generalizarei quanto aos professores, pois esta não é a intenção, além de que conheço vários educadores, inclusive que participam ativamente de movimentos sindicais e justamente por conhecê-los acredito que jamais seriam capazes de fazer algo deste tipo. 

A verdade é que parte do povo Amapaense está perdendo ou já perdeu o respeito por nossas autoridades, fato este que é muito perigoso para um País com democracia relativamente nova, frágil e subdesenvolvida como o nossa. Li em um texto uma vez, do qual não me recordo para dar os devidos créditos, que a democracia sem o espírito republicano não é saudável, pois o objeto regulador da democracia quanto às liberdades adquiridas é a república, tanto para representantes quanto para representados. O fato de hoje só me leva a crer que o que falta para alguns amapaenses é este espírito republicano, pois as liberdades democráticas já são experimentadas há algum tempo, tomando como exemplo as diversas manifestações contra atitudes do próprio governador, sem que o mesmo interfira de forma alguma, e que os manifestantes acabam por não saber utilizar levando a acontecimentos como o de hoje.
Finalizo citando Maquiavel, para que compreendamos o quanto é preciso evoluir para conseguir sair deste imenso atraso em que nos encontramos, tanto como Estado, quanto como cidadãos. “.. é difícil ou até impossível manter um Governo republicano em uma cidade corrompida, ou de ali estabelecê-lo”.

George Arnaud Tork

2 comentários:

  1. Concordo em gênero, numero e grau com vc meu amigo, realmente chegamos a uma grande encruzilhada em nosso Estado. Torcendo por dias melhores.

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  2. Obrigado por seu comentário, Ronaldo Moura Palha. Realmente chegamos a um ponto divisor de águas. Ou nos comportamos como um Estado democrático e verdadeiramente republicano, ou nosso futuro é bastante incerto.

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